Resenha: O Mundo Perdido


Autor: Michael Crichton
Número de Páginas: 488
Editora: Aleph
Idioma: Português
Tradução: Marcia Men

Skoob/Goodreads



Sinopse: Seis anos se passaram desde os terríveis acontecimentos no Jurassic Park. Seis anos, desde que o sonho extraordinário, nos limites entre a ciência e a imaginação humana, acabou se tornando um trágico pesadelo. A Isla Nublar não era o único lugar usado por John Hammond em suas pesquisas genéticas de ponta. Agora, o matemático Ian Malcolm e uma equipe de cientistas – além de certos “pequenos clandestinos” – devem explorar outra ilha na Costa Rica, repleta dos mais perigosos dinossauros que já caminharam pela Terra.

Finalmente li a continuação de Jurassic Park e achei o livro tão incrível quanto o primeiro! 

Ele se inicia mais ou menos da mesma forma que seu antecessor, com aparições de animais desconhecidos em ilhas da Costa Rica. Seis anos se passaram desde os acontecimentos na Isla Nublar, relatados no primeiro livro. Os sobreviventes seguiram suas vidas tentando deixar para trás tudo que viveram naqueles dois terríveis dias no Parque dos Dinossauros. Mas para Ian Malcolm, isso não será tão fácil assim. 


Durante uma palestra no Instituto Santa Fé, Malcolm tem contato com Richard Levine, um brilhante mas não muito querido paleontólogo. Ele questiona Ian sobre a InGen e os misteriosos incidentes que aconteceram naqueles dias na Isla Nublar, mas Malcolm nega todas as suas teorias sobre a possível existência de dinossauros. Levine não fica muito convencido após esse encontro e saí por conta própria seguindo algumas pistas até a Isla Sorna, onde ele acredita que exista um Mundo Perdido, um lugar intocado onde dinossauros vivem. E a partir daí vários acontecimentos fazem com que Ian e alguns companheiros acabem indo para a ilha também. 
Antes de começar essa leitura estava com um pouco de dúvidas se iria gostar tanto quanto gostei de Jurassic Park (fiz resenha dele aqui), já que o segundo filme da série nunca foi meu preferido. Mas lembrava muito pouco do filme e decidi que iria encarar o livro como algo à parte, uma história inédita. E foi muito gostoso voltar para esse mundo dos dinossauros sem ter a menor ideia do que me esperava. 
Eu me envolvi bem mais com os personagens desse livro e acho que teve um equilíbrio maior na participação de cada um na história e um desenvolvimento mais profundo de suas personalidades. Acredito que o autor tenha se "redimido" em relação à pouca participação feminina no primeiro livro. Nesse, as duas personagens femininas tiveram um papel muito mais importante no desenrolar da história. Gostei muito da Sarah Harding e da força e da determinação que ela demonstrou. E para mim essas características não foram jogadas ali simplesmente pra criar uma personagem forte, ela tinha vários motivos para ser assim. Também achei muito interessante a interação entre ela e a Kelly, com Sarah constantemente incentivando a menina a perseguir seus sonhos, por mais que o mundo falasse que aquilo em que ela era boa não era "coisa de menina". 

Se antes eu tinha uma espécie de relação de amor e ódio com o Ian, dessa vez foi só amor. Já achava que ele era um personagem muito bom, mas de vez em quando era chato pra caramba. Não sei se é porque o Levine desempenha o papel de insuportável muito bem, mas só tive elogios para o Ian. Dessa vez o que ele está tentando entender melhor é a extinção dos dinossauros e suas teorias e questionamentos são um espetáculo à parte. Aliás, adorei a abordagem da ciência e da tecnologia que Michael fez nesses dois livros. São assuntos que me interesso muito, principalmente quando relacionados à Biologia e à evolução dos seres vivos. Além de entretenimento, os livros são um prato cheio para entusiastas desses assuntos. 

"A resposta de Malcolm foi imediata: "O que o faz pensar que os seres humanos são autoconscientes e lúcidos? Não existe evidência disso. Seres humanos nunca pensam por si mesmos, acham isso desconfortável demais. Em sua maioria, os membros de nossa espécie apenas repetem o que lhes dizem - e ficam aborrecidos se são expostos a algum ponto de vista diferente. A característica mais típica do ser humano não é a lucidez, e sim a conformidade, e o resultado típico é a guerrilha religiosa. "

E como eu falei lá em cima, se teve alguém que me deu nos nervos durante a leitura foi o Levine. Que pessoa chata meu deus. Consegui ter mais raiva dele do que dos "vilões". O que ele tem de inteligência, ele tem de egoísmo e alienação. Aliás, talvez essas características estejam ligadas de alguma forma. Acho que por ser tão inteligente e focado em suas pesquisas, ele acabava vivendo em seu próprio mundinho e ignorando todo o resto. Mas ele tem um papel central no desenvolvimento da trama e apesar de não suportá-lo, reconheço sua importância e que a história não seria tão boa sem ele ali. 

Em O Mundo Perdido, temos a chance de observar mais o comportamento dos dinossauros antes que eles tenham um contato mais direto com os humanos. E isso foi tããããão legal que queria mais ♥ 
E apesar da parte do conflito, digamos assim, ter demorado mais para acontecer, foi tão tensa (senão mais) quanto em Jurassic Park.  

Essa é uma leitura mais do que recomendada! Apesar de ter adorado concluir essa história, já estou com saudades e triste por não ter continuação :( 
E não levem em consideração o segundo filme, porque depois de terminar de ler resolvi ver novamente e percebi o porquê gostei tanto do livro e não do filme. Eles mudaram demais a essência da história e suprimiram personagens importantes. Só vi uma meia hora e acabei desistindo. 
A editora Aleph mandou muito bem nessa edição também e ela está tão linda quanto a anterior. Dessa vez as cores são invertidas, a capa e vermelha e as bordas das folhas são pretas e os dois livros juntos ficam lindos.
No início do livro tem o mapa da ilha e o desenho de alguns dinossauros que eles encontram por lá. Também há outros detalhes no interior do livro, como as "configurações" em que são divididas as partes do livro, sempre acompanhadas por uma fala do Ian Malcolm. 
Só acho uma pena o livro não ter orelhas, porque elas protegem os cantinhos da capa, principalmente quando elas são de uma cor bem vibrante e qualquer estragadinho já aparece bem. 

"Em um mundo dominado pela mídia de massa, há menos de tudo, exceto os dez livros, discos, filmes e ideias mais vendidos. As pessoas se preocupam em perder a diversidade de espécies na floresta tropical. No entanto, o que dizer da diversidade intelectual, nosso recurso mais necessário? Ela desaparece com mais rapidez do que as árvores. Porém, ainda não percebemos isso, então agora estamos planejando juntar 5 bilhões de pessoas no ciberespaço. E isso vai congelar toda a espécie. Tudo vai parar de repente. Todos vão pensar a mesma coisa, ao mesmo tempo."