Resenha: A Indomável Sofia

Sofia chega à casa de sua tia para derrubar as convenções e surpreender a todos com seus modos independentes. E parece ter chegado no momento certo: seus primos estão com muitos problemas. Ela decide então ajudar a todos. Embora sejam sempre mirabolantes e arriscados, seus planos sempre dão certo e tudo parece estar sob seu controle. O que ela não espera, é que seu primo Charles de repente passa a enxergá-la com outros olhos...
As heroínas encantadoras de Georgette Heyer podem ser consideradas precursoras do feminismo atual.
“Tão bom quanto ler Jane Austen é ler Georgette Heyer.” Publishers Weekly

Número de Páginas: 406
Autora: Georgette Heyer
Editora: Record
Idioma: Português
Livro cedido em parceria com o Grupo Editorial Record
Romances de época têm uma fórmula mais ou menos pronta: uma protagonista à frente de seu tempo e um clichê aqui, outro ali. Mas mesmo assim ainda são meu tipo preferido de romance. Pela sinopse já imaginei que esse livro iria me agradar muito e que me divertiria com a Sofia (Sophy para os íntimos) e não foi diferente. 

A história começa com a visita do pai de Sophy, Sir Horace, à casa de sua irmã, Lady Ombersley, para pedir que tomasse conta da filha durante sua viagem ao Brasil e que se possível, arrumasse um casamento para ela. Diante da relutância da irmã, ele insiste que a filha é muito boazinha e "uma coisinha encantadora" e não dará nenhum trabalho. Porém, como era de se esperar, a chegada de Sophy vira de cabeça para baixo a vida na casa da tia.

Órfã de mãe e criada por seu pai, acompanhando-o em suas viagens, Sophy foge totalmente aos padrões esperados para uma mulher da elite londrina do século XIX, tanto fisicamente quanto em relação a seu comportamento e sua personalidade.

Sir Horace tinha razão. Sophy jamais seria uma beldade. Era muito alta; tanto o nariz quanto a boca eram grandes demais; e seus expressivos olhos cinzentos dificilmente seriam suficientes para compensar esses defeitos. Mas ninguém poderia esquecer Sophy, mesmo se não pudesse se lembrar da forma do seu rosto ou da cor dos seus olhos. 

Sophy rapidamente percebe uma série de problemas acontecendo na casa: sua prima Cecília está apaixonada por um poeta que não é aprovado pela família, seu primo Charles está noivo de uma mulher entediante e que tenta encaixar todos a sua volta no que ela considera adequado, seu primo Hubert está escondendo algo...
Incapaz de se conter, ela faz inúmeros planos um tanto loucos e mirabolantes para consertá-los.
A escrita da autora é um pouco mais rebuscada do que estou acostumada com esse tipo de livro, mas acredito que isso se deve ao fato de que ele foi publicado em 1950. Porém, passado esse estranhamento inicial, logo me acostumei e a leitura foi bem fluída. Acredito até que isso ajudou a entrar mais no clima de época do livro. Há inúmeras passagens divertidas, outras que contêm alguma crítica e muitas que nos fazem refletir.

Mas sabe, uma de suas máximas é que jamais se deve permitir que a parcialidade nos deixe insensíveis aos defeitos de uma pessoa. 


Gostei muito da construção dos personagens e mesmo os secundários têm importância para o desenvolvimento da história. Outra coisa que me agradou muito foi o fato de nenhum deles ser idealizado e perfeito; todos eram muito humanos, com suas qualidades e defeitos (alguns com muito mais defeitos). Eu fiquei bem apegada à Sophy e a sua família e fiquei querendo mais quando o livro terminou. E com a mesma intensidade com que gostei de alguns personagens, detestei fortemente outros, particularmente a noiva de Charles. Ele foi um dos meus personagens preferidos, adorei acompanhar sua evolução ao longo do livro e posso dizer que ele seria meu equivalente ao Mr. Darcy 

Não há acontecimentos grandiosos e a trama gira em torno do dia-a-dia de Sophy e de seus planos, mas mesmo sendo no geral um pouco mais lenta, é uma história muito gostosa de se acompanhar. Uma coisa que eu adoro nesse tipo de livro é poder acompanhar como eram os costumes da época, tão diferentes da nossa realidade. Claro que agradeço por muitos terem mudado, mas acho muito interessante ler sobre eles.

A parte romântica é muito sutil e confesso que, mesmo não sendo muito fã de romance em livros, gostaria que ela fosse um pouco mais explorada. Mas entendo que não era o foco e gostei tanto da história que no final isso acabou não mudando minha opinião a respeito do livro.

Recomendo muito a leitura! Venha se apaixonar pelas loucuras da Sophy também 
PS: Não gosto quando comparam um autor com outro, acho que inclusive pode desencorajar alguém a ler determinado livro. Eu li apenas "Orgulho e Preconceito" da Jane Austen, mas não gostei tanto assim e se fosse me basear nisso, não pegaria para ler "A Indomável Sofia".

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