Resenha: Minha Lady Jane



Ultimamente tenho pegado livros para ler sabendo muito pouco ou nada sobre eles. E não foi diferente com Minha Lady Jane. Tinha visto umas duas pessoas falando que era muito bom e divertido e só. Imaginei que fosse um romance de época mais engraçado do que costumam ser e como gosto do gênero, fiquei interessada. 

Porém, não tinha sido lançado aqui e nem tinha ouvido falar que iriam lançar, porque sou bem desinformada. Peguei em inglês mesmo e já estava mais ou menos na página 100 e gostando bastante, mas resolvi largar um pouco porque estava com dificuldade para compreender algumas partes. Entendia bastante coisa e o contexto no geral, mas algumas passagens e palavras eu tinha que ficar parando para ver o significado e como é um livro grandinho, achei que iria ficar bem complicado de continuar assim. Fora que não queria perder partes da história, mesmo que pequenas, por não ter entendido direito. 

Imaginem minha felicidade quando vi que seria lançado aqui. Imaginem minha felicidade maior ainda quando ganhei ele de presente de aniversário 😍 😍 😍
No Prólogo fui descobrir do que realmente se tratava a história e fiquei mais empolgada ainda. Trata-se de uma releitura de um trágico episódio ocorrido na Inglaterra durante a Dinastia Tudor, quando Lady Jane Grey, após ser rainha por apenas 9 dias, foi decapitada. 

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O Rei Eduardo VI, de 16 anos, está morrendo. Acometido pela moléstia, o jovem rei é levado por seu conselheiro, Dudley, a nomear sua prima Lady Jane Grey como sucessora do trono, após casar-se com seu filho Gifford. A herdeira natural seria sua meia-irmã Maria, porém sua ascensão ao reinado poderia aumentar a instabilidade que o país já está enfrentando. Maria é uma verdática, ou seja, para ela eƌiano bom é eƌiano queimado na fogueira. 

Eƌianos são pessoas capazes de assumir a forma animal, o que por acaso o futuro marido de Jane é. Ele transforma-se em cavalo em todo o nascer do Sol e permanece assim até que ele se ponha. Como se não bastasse o casamento arranjado, ninguém parece se incomodar em contar a Jane esse pequeno detalhe. Nem que ela será a futura rainha da Inglaterra...

obs.: Eƌiano pronuncia-se "ethiano". E não é exatamente com esse ƌ que se escreve, mas foi o mais próximo que cheguei

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Eu provavelmente já teria gostado desse livro por ele ter sido baseado em fatos históricos, já que sempre me interessei muito por História. Isso junto com a magia dos eƌianos me ganhou completamente. Por não ler tantos livros de fantasia, eu gosto mais quando ela aparece em pequenas doses assim e não em um mundo completamente novo e diferente. Na verdade não é nem por não gostar e sim por sentir dificuldades de absorver e entender tudo. 

A história é dividida entre Eduardo, Jane e Gifford "Gê" e eu gostei e me apeguei muito a todos eles. Claro que rolou aquela identificação maior com a Jane já que ela é basicamente eu mesma. 

Não havia nada que ela apreciasse mais do que sentir o peso de um exemplar bem volumoso nas mãos e sentir que cada tomo de sabedoria daqueles era mais raro, maravilhoso e fascinante que o anterior. Se deliciava com o cheiro da tinta, a aspereza do papel junto dos dedos, o farfalhar das páginas, a forma das letras encantando seus olhos. Mas acima de tudo, adorava o modo como os livros a faziam sair de sua vidinha mundana e sufocante e ofereciam experiências de uma centena de outras vidas. Por meio dos livros, conseguia ver o mundo. 

Os três têm personalidades bem definidas, mas mesmo assim crescem e se desenvolvem bastante no decorrer do livro. Mesmo se não tivesse o nome de cada um em seus respectivos capítulos, daria facilmente para saber quem estava com a voz naquele momento. E acho isso essencial em histórias que mesclam pontos de vista. Já li outros livros que os personagens eram tão genéricos que ficava com bastante dificuldade de diferenciar quem era quem. E mesmo os personagens secundários têm sua importância e seu momento, com destaque para a avó de Eduardo e sua outra meia-irmã, Bess



Apesar de tratar de um episódio bastante sangrento da história inglesa, no livro é o tom de comédia que predomina. E eu ri alto. Várias vezes. As narradoras interrompem em determinados pontos para fazer comentários e gostei muito disso também. E esse é o tipo de recurso que acho que pode se tornar muito chato se não for bem feito e utilizado com parcimônia. 

Mesmo sendo engraçada na maior parte do tempo, a história está longe de ser rasa. Há discussões sobre a capacidade a o papel da mulher na sociedade e um empoderamento das mulheres do livro, mesmo que ligeiramente limitado pela época em que se encontram.

O livro tem o melhor começo ever (vide foto abaixo) e durante toda a história não teve nada de que eu não tenha gostado. O romance talvez não seja tão presente e explorado, mas isso não me incomodou porque acredito que não era bem o foco do livro. E não sou fã número 1 de romances super românticos nas histórias. Acho que ele foi explorado na dose certa e conseguiu me convencer em relação aos casais formados e ficar bonitinho.


A leitura foi super fluida e só não terminei mais rápido porque fiquei enrolando quando estava chegando ao final, já que ainda não estava pronta para me despedir daqueles personagens. Acho que nem preciso falar que recomendo né? 

A Verdadeira História 

O que o livro trata como conflito entre Eƌianos e Verdáticos é uma representação para a disputa que ocorreu entre as Igrejas Católica e Protestante. Jane Grey recebeu desde cedo uma boa educação para que conseguisse com isso um casamento apropriado, talvez até com seu primo, o rei Eduardo VI. Sua educação foi centrada na fé protestante e isso foi decisivo para que se tornasse a rainha.

Eduardo estava muito doente, tuberculose segundo os médicos, e pressionado por seu conselheiro John Dudley, fez os arranjos para que sua prima e, posteriormente, seus filhos homens herdassem o trono. Ela também foi levada a se casar com Guildford Dudley. Sendo Jane originariamente a quarta na sucessão do trono, era esperado que a princesa Mary se tornasse a nova rainha, porém ela instalaria o catolicismo novamente na Inglaterra, o que não era desejado por eles.

Em poucos dias Mary, com o apoio popular, recuperou o trono e Jane e o marido foram aprisionados por alta traição. A vida de Jane poderia ter sido poupada se não fosse por uma rebelião liderada por seu pai contra a rainha Mary. Mesmo que Jane não tivesse ligação com essa ação, a sentença de morte recaiu novamente sobre ela. Mary lhe deu a chance de se poupar, convertendo-se ao catolicismo, o que Jane não aceitou, sendo assim decapitada.

PS: Não sei se esse resumo que escrevi está totalmente certo porque há muitas controvérsias em torno do breve reinado de Lady Jane Grey, mas tentei trazer o que encontrei em comum nas diferentes fontes que eu li.

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 Autoras: Cynthia Hand, Brodi Ashton, Jodi Meadows
 Número de Páginas: 368
 Editora: Gutemberg
 Idioma: Português
 Tradução: Rodrigo Seabra




Skoob/Goodreads




Sinopse: Inglaterra, século XVI, dinastia Tudor. O jovem Rei Eduardo VI está à beira da morte e o destino do país é incerto. Para evitar que o poder caia em mãos erradas (leia-se: nas mãos de Maria Sangrenta), Eduardo é persuadido por seu conselheiro a nomear Lady Jane Grey, sua prima e melhor amiga, como a legítima sucessora
Aos 16 anos, Jane está em um relacionamento muito sério com seus livros até ser surpreendida pela trágica notícia de que terá de se casar com um completo estranho que (ninguém lembrou de contar para ela) tem um talento muito especial: a habilidade de se transformar em cavalo. E, pior ainda, descobre que está prestes a se tornar a nova Rainha da Inglaterra!
Arrastada para o centro de um conflito político, Jane suspeita de que sua coroação na verdade esconde um grande plano conspiratório para usurpar o trono. Agora, ela precisa definitivamente manter a cabeça no lugar se… bem, se não quiser literalmente perder a cabeça.
Um rei relutante, uma rainha-relâmpago ainda mais relutante e um nobre (e) garanhão puro-sangue que não se conformam com o destino que lhes foi reservado; uma história apaixonante, envolvente, cativante, sedutora… e mais uma porção de sinônimos que só Lady Jane seria capaz de listar. Tudo com uma leve semelhança com os fatos históricos.
…afinal, às vezes a História precisa de uma mãozinha.

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