Resenha: A Guardiã de Histórias

Imagine um lugar onde, como livros, os mortos repousam em prateleiras. Cada corpo tem uma história para contar, uma vida disposta em imagens que apenas os Bibliotecários podem ler. Aqui, os mortos são chamados de Histórias, e o vasto domínio em que eles descansam é o Arquivo. Mackenzie Bishop é uma implacável Guardiã, cuja tarefa é impedir Histórias geralmente violentas de acordar e fugir do Arquivo. Naqueles domínios, os mortos jamais devem ser perturbados, mas alguém parece estar, deliberadamente, alterando Histórias e apagando seus trechos essenciais. A menos que Mac consiga juntar as peças restantes, o próprio Arquivo sofrerá as consequências.

Número de Páginas: 322
Autora: Victoria Schwab
Editora: Bertrand Brasil
Idioma: Português
Livro cedido em parceria com o Grupo Editorial Record
Mackenzie Bishop é uma adolescente de 16 anos que recebeu de seu avô uma importante e complicada tarefa: ser uma Guardiã de Histórias. O Universo criado pela Victoria Schwab é dividido em três "lugares": o Exterior, que é o mundo onde vivemos, o Arquivo, uma biblioteca dos mortos e os Estreitos, corredores que fazem uma espécie intermédio entre o Arquivo e o Exterior. Uma História é um registro de toda a vida de uma pessoa, que fica armazenado no Arquivo quando ela morre.

Imagine um arquivo da sua vida inteira, de cada momento, cada experiência. Tudo. Agora, em vez de uma pasta ou de um livro, imagine que esses dados são guardados num corpo. 

A narrativa alterna entre momentos passados na vida de Mac com seu avô e o presente. Durante o passado, vamos entendendo mais sobre o Arquivo e o papel que um Guardião tem para manter a ordem. As Histórias ficam "dormindo" em enormes prateleiras do Arquivo, mas algumas podem despertar e ficarem vagando pelos Estreitos, sem saber que estão mortas, confusas e tentando voltar para a casa. O Guardião deve, então, fazer com que as Histórias sejam devolvidas para o Arquivo e isso pode ser perigoso e acabar até ocasionando sua morte. Para encontrar as Histórias, os Guardiões são capazes de ler memórias armazenadas em todo tipo de objeto e até no chão ou nas paredes. 

Já no presente, acompanhamos a mudança de Mac e sua família para uma nova casa, tentando esquecer uma terrível tragédia acontecida um ano antes: a morte de seu irmão mais novo, Ben. Sua mãe tenta a todo custo evitar o assunto e ocupar seu tempo com as mais diversas atividades. Seu novo projeto é abrir um Café em um antigo hotel (agora um edifício residencial), o Coronado

Mas, depois de um ano levando a vida na ponta dos pés, tentando não disparar lembranças como minas terrestres, meus pais resolveram desistir, mas chamam de mudança. Chamam de um novo começo. Dizem que é exatamente o que a família precisa. 

No Coronado, Mac descobre duas portas que levam para os Estreitos, o que é extremamente raro. Ela também tem de lidar com um número cada vez maior de Histórias que escapam e após fazer uma leitura das memórias do seu quarto, descobre que algo terrível aconteceu lá há muitos anos. Mac decide investigar o que aconteceu e isso pode trazer graves consequências para sua vida e para o Arquivo.
Eu gostei muito dessa história e principalmente do Universo criado. Como amante de livros, até que gostei da ideia de você se transformar praticamente em um após a sua morte. Acho que a pior parte, para mim, ao pensar na morte seria no fato de tudo acabar. Em um momento você está ali, com todas as suas memórias e de repente grande parte é perdida, restando apenas as lembranças das pessoas que conviveram com você. Mas ao se tornar uma História, sua vida ficará, de certa maneira, preservada para sempre.


Achei a Mackenzie uma boa protagonista também. Ela é uma excelente Guardiã, mas não é do tipo de personagem que é bom sem nenhum motivo. Não gosto muito quando o protagonista mal sabe da existência de determinado mundo ou dos seus poderes e de uma hora pra outra já é a pessoa mais incrível e talentosa. Podemos acompanhar através dos flashbacks o treinamento e todos os cuidados em sua preparação feita pelo avô. E apesar de toda sua força como Guardiã, Mac também tem seus momentos de fragilidade, dúvidas e inseguranças. Achei que ela é uma personagem muito humana e possível de se acreditar.

Para mim, os demais personagens também foram bem construídos, apesar de nem todos serem tão explorados, e isso sempre faz com que o livro ganhe muitos pontos positivos. Também achei muito interessante a autora abordar as diferentes formas com que as pessoas lidam com a morte.
O livro talvez tenha um clichê aqui, outro ali, mas nada que tenha me incomodado como aconteceu em alguns outros YAs que li/tentei ler recentemente.

O ritmo da narrativa é intenso a maior parte do tempo e o mistério me prendeu bastante à leitura. Mal consegui desgrudar do livro até descobrir o que estava acontecendo. Gostei bastante do final e achei que ele conseguiu se encaixar bem com o restante da história. Ele é bem fechadinho e não tem nenhum cliffhanger, mas já tô morrendo de vontade de ler a continuação e voltar para esse mundo 
O material da capa é bem gostoso, meio macio/aveludado e apesar de ter achado a arte bonita, não sei se combinou tanto assim com a história. Ainda prefiro a versão americana. Ou talvez eu prefira uma mistura das duas, porque prefiro a chave e as fontes da capa brasileira. 

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