Resenha:Brasil Cyberpunk 2115 - Recall


Autor: Rodrigo Assis Mesquita
Idioma: Português
Sinopse: Skoob
Livro cedido pelo autor para resenha
Disponível na Amazon
Skoob/Goodreads


Esse segundo volume se inicia logo após os acontecimentos e problemas enfrentados por Hel em Brasil Cyber Punk - Você não pode ter tudo o que quer. Estão sendo lançados androides que seriam tão semelhantes a humanos que a única forma de distingui-los seria o chip implantado em todas as pessoas ao nascer. Por isso o Governo está fazendo um Recall para a checagem e a substituição dos chips quando necessário, com a campanha "Sem chip, sem direitos". 

Hel, que não possui o chip, começa uma corrida contra o tempo para tentar conseguir um e descobrir mais sobre o seu passado, se envolvendo junto com seus amigos em uma perigosa trama política. 
Eu já tinha gostado muito do primeiro livro, mas esse conseguiu me prender ainda mais. Ele é um pouco mais longo que o anterior mas o desenvolvimento alcançado pela história é muito maior. Tanto em relação aos personagens, quanto a trama e até mesmo o cenário em que tudo acontece. 

Ele é bastante focado na parte política desse país futurista e dos jogos de interesse e poder que existem por trás de tudo isso. Achei muito interessante o regime de governo criado pelo autor, a Democracia Corporativa. Cada pessoa ao nascer recebe uma ação e cada ação corresponde a um voto. É possível controlar ou ao menos tentar controlar o governo por meio da compra de ações, como se o país fosse uma empresa. E mesmo se passando em um futuro, podemos identificar diversas semelhanças com o momento em que vivemos, com alguns acontecimentos bastante recentes da nossa realidade sendo referenciados. 

Apesar de adotar o mesmo tom de ironia e humor do primeiro volume, com suas referências à cultura pop e diálogos inteligentes e engraçados, achei que ele vai para um lado mais sombrio. E isso combina bastante com a atmosfera de conflitos tanto externos quanto os próprios dilemas internos enfrentados pela maioria dos personagens. 

Mesmo sendo um livro relativamente curto, o autor soube dar a atenção e o desenvolvimento aos personagens que eu fiquei esperando após concluir a primeira leitura. Todos tiveram seu espacinho, principalmente o Lobo (que eu passei a considerar pacas) e a Hel. Conhecemos mais sobre seu misterioso passado, mas ainda ficam algumas dúvidas e aquele sentimento de quero mais.  E como se já não fosse fofura o suficiente a cachorrinha Excel, agora temos seus filhotinhos: Windows, Linux e Mac 

O preconceito contra os androides e pessoas que utilizam amelhoramentos é outro ponto abordado. E isso é um assunto que gosto muito em livros que falam de robôs. Por mais que pareça uma coisa distante, já que não há robôs convivendo conosco, pelo menos não da forma como é mostrada no livro, esse preconceito pode ser extrapolado para qualquer outro grupo minoritário da nossa sociedade atual. 

Estava cansada de esconder os dentes metálicos para trabalhar, de ter de sorrir para cada comentário robofóbico do chefe e de colegas. 

Acredito que essa história seja capaz de agradar até a leitores que não estejam muito acostumados com ficção-científica, já que ela possui de tudo um pouco: mistério, ação, humor, reflexões e até um pouco de romance. Fiquei bastante aflita lendo os acontecimentos finais e adorei o desfecho criado pelo Rodrigo. Tô louca para ler os próximos :)

Cara, Coca-Cola! Nunca viu Coca-Cola? Acho que é a única coisa certa no mundo, além da morte e dos impostos.

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